1.ª Conferência Nacional sobre Políticas de Juventude e Desenvolvimento dos Territórios
Nos passados dias 18 e 19 de setembro, no campus da Penha, em Faro, deu-se, pela primeira vez, a 1ª Conferência Nacional sobre Políticas de Juventude e Desenvolvimento dos Territórios. Esta conferência faz parte do evento Algarve 2020, orientado pela equipa da ECOS- Cooperativa de Educação Cooperação e Desenvolvimento. Esta equipa trata de temas como a contribuição para a promoção, reconhecimento e valorização da educação não formal enquanto metodologia de desenvolvimento humano e transformação social e ainda temas que abranjam a inclusão social, a coesão da sociedade e o seu desenvolvimento. Entre os mais variados projetos desenvolvidos pela ECOS, o Algarve 2020 foi o que mais se pronunciou e que mais satisfez os objetivos da organização.
Os temas abordados nestes dois dias variavam entre a inclusão social, as novas formas de educação, o desenvolvimento de territórios de baixa densidade populacional, a participação no feminino, entre outros. Estes mesmos temas foram tratados em “mesas redondas”, que contavam com convidados e membros de associações que tratassem de temas alusivos aos das mesas. Uma das organizações que se destacou foi o Dream Teens, representado pela dreamer Carolina Diogo, que tomou a palavra como convidada numa das mesas redondas. Nesse pequeno momento de exposição do tema "Educação e Participação Política", houve a oportunidade de divulgar o nosso projeto, de demonstrar quais as nossas vontades, quais os nossos objetivos e áreas de atuação. Posteriormente procedeu-se à exposição do ponto de vista de cada convidado perante o tema que estava a ser discutido. A educação foi o tema que mais marcou as palavras dos presentes na mesa, gerando grandes pontos de vista, comentários e pequenas conversas intensas e cheias de conteúdo. Alertou-se para o facto de que cada vez mais estamos a perder o conceito de ensino, que tem vindo a tomar um caminho mais formatado, sem a verdadeira essência do que realmente é a educação. Segundo o dicionário da Porto Editora, educação é:
- Processo que visa o desenvolvimento harmónico do ser humanos seus aspetos intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade.
- Adoção de comportamentos e atitudes correspondentes aos usos socialmente tidos como corretos e adequados: cortesia, polidez.
Analisando ambas as definições e tomando em conta o ensino que hoje regula o nosso país, podemos denotar que as diferenças são bastante divergentes. Temos um ensino programado, sem espaço para o exercício e aprendizagem da cidadania, sem espaço para que o professor possa exercer a profissão de ensino e de incutir os ideais nos seus alunos, de forma a estes se tornarem melhores cidadãos, mais responsáveis e participativos.
O ensino está a funcionar como a produção do Ford T , que teve o seu início de produção em 1908, com parâmetros que limitam a criatividade e a espontaneidade. A sua produção era estandardizada, em que cada trabalhador tinha apenas uma função que desempenhava diariamente, durante todo o seu período de atividade. Não havia liberdade e os trabalhadores eram apenas máquinas, que acabavam por se formatar conforme o que sabiam fazer, que era apenas uma coisa. Assim está hoje a nossa educação. Sem liberdade, sem criatividade e sem espaço para viver. Somos todos mais um carro, igual a todos os outros, produzido da mesma forma e sem nada de único, sem cerne, sem brilho. Simplesmente…mais um.
É importante observar a decadência da formação e da educação dos alunos e fazer notar que estamos a ser “bombardeados” por testes, exames e matéria, e não de cidadania e princípios de participação e exercício dos direitos do cidadão. Estamos a vulgarizar os jovens.
No mesmo dia teve lugar outra mesa redonda com o tema "Inclusão para a Participação", que sublinhou a importância de fazer diminuir a exclusão social ou mesmo os estereótipos perante outras camadas sociais, como a cultura cigana, africana, entre outras. Devemos todos ter lugar na sociedade, sem que sejamos questionados apenas pelas nossas posses, ou pelo tom de pele ou pela nossa cultura.
No segundo dia deram-se as mesas "Cultura e Participação Política" e "Juventude no Desenvolvimento de Territórios de Baixa Densidade", nas quais se abordaram temas afetos a questões como a participação política na juventude e o seu respetivo impacto e ainda políticas de desenvolvimento dos territórios de baixa densidade populacional atendendo às necessidades dos jovens. Foi apontada a criação de mais espaços que se focassem em atividades que os jovens gostam, como concertos, por exemplo. As frases que podem resumir ambas as mesas são: “Sem jovens que participem nas funções da sociedade, a sociedade do futuro não existirá” e “A melhor forma de aumentar o fluxo populacional e a popularidade do local é chamar a faixa etária jovem para demonstrar o caráter juvenil da região em questão”, respetivamente.
Ao longo de ambos os dias, houve sessões de boas práticas, em que várias organizações apresentaram os seus projetos. Houve também momentos em que se partilharam sorrisos e experiências, desde momentos de convívio até à caminhada noturna contra a violência.
O Dream Teens ficou nos corações e nas expetativas da maioria dos participantes da conferência, sendo que um grande número de pessoas demonstrou um grande interesse no projeto. Mais uma vez cumprimos a nossa missão de divulgar os nossos princípios e demonstrar a importância dos jovens para o desenvolvimento da sociedade. #keepdreaming
Autoria do Texto: Carolina Diogo