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Dream Teens Aventura Social

O Dream Teens é uma rede de 106 jovens líderes (entre os 11 e os 19 anos), que juntamente com a equipa de apoio formada por especialistas, constitui uma rede a nível nacional.

Será que as crianças portuguesas estão viciadas nos tablets e telemóveis?

 

Um vídeo canadiano da Nature Valley mostra as três gerações (idosos, adultos e crianças) a serem confrontadas com uma só questão: “Como se divertiam quando eram crianças?”. As respostas dos mais velhos remontam a tempos longínquos, em que as crianças estavam envolvidas num meio rural e as brincadeiras decorriam em completa harmonia com a natureza. Em oposição a essas vivências (e de acordo com o vídeo) as crianças de hoje divertem-se enviando mensagens, vendo séries e jogando videojogos.

O telemóvel, o tablet, as séries e os videojogos não são necessariamente maus; com uma utilização moderada são sem dúvida fontes de divertimento e de aprendizagem importantes. No entanto, as respostas dos mais novos foram alarmantes (conseguiram até provocar lágrimas nos olhos de duas pessoas no vídeo), pois a perceção de divertimento parece restringir-se aos aparelhos eletrónicos referidos.  

Assumindo que as respostas são verdadeiras, perguntamos:  Será que também estaremos a perder as crianças portuguesas para a tecnologia?

Não sei até que ponto o vídeo é autêntico, pois algumas respostas (das crianças em especial) aproximam-se do inverosímil; não irei negar a possibilidade do mesmo ser meramente fictício/publicitário. No entanto, serviu-nos de inspiração para satisfazermos a nossa curiosidade quanto à pergunta “O que faziam e fazem as crianças para brincar em Portugal”?

À semelhança do que foi feito no vídeo, questionámos as três gerações. Eis algumas das respostas dadas pelos mais velhos:

 

80 anos

Jogava à bola, ao berlinde, ao peão e às cartas.

 

78 anos

Brincava com casinhas e bonecas (dentro de casa, pois os pais eram muito protetores), jogava à “malha” e à “mata” com as colegas da escola, saltava à corda e dava cambalhotas (até a mãe a impedir por julgar ser muito perigoso), balançava no baloiço do seu quintal e brincava com o gato de estimação.

 

72 anos

Jogava à “semana”, fazia casinhas de terra e enfeitava-las com cacos de vidro, jogava à bola, “apanhada”, colhia figos e uvas, brincava com pintainhos e gatos, fazia baloiços entre os pinheiros e dava cambalhotas nos ramos das figueiras.

 

87 anos

Jogava à “semana”, ao “pé-coxinho” e às “escondidas”.

 

75 anos

Trabalhava desde pequeno: guardava rebanhos, lavrava as vinhas com bois (que puxavam a carreta), guardava perus e tratava dos bois.

 

As duas primeiras respostas pertencem a pessoas que viviam num meio urbano, enquanto as outras três respostas são de pessoas do campo. Facilmente percebemos as contrariedades a nível social e económico lendo o último testemunho.

Nas respostas dos adultos vemos a continuidade de algumas das brincadeiras anteriormente referidas:

 

49 anos

Fazia corridas com caricas, berlindes e carros nas bordas dos passeios. Jogava à bola na rua, andava de bicicleta, brincava às “escondidas” e à “apanhada” e fazia construções com legos.

 

51 anos

Jogava à “semana”, às “escondidas” e “apanhada”, andava de bicicleta, jogava ao peão e berlindes, brincava às casinhas e às “mães e filhas”.

 

45 anos

Jogava ao “lá-vai-alho”, à “mata” e andava de bicicleta.

 

42 anos

Brincava muito na rua. Divertia-se com carrinhos e adorava ver os comboios e sentir o cheiro da madeira e dos carris. Jogava à “semana”, à “apanhada”, “cabra-cega”, “mamã dá licença”, “o rei manda” e saltava à corda; tocava às campainhas, deixava cartas nas portas dos vizinhos, telefonava anonimamente e provocava pessoas; escrevia estórias e fazia teatros; jogava ao computador com os amigos (“spectrum” e “atari”) e consolas de bolso; mascarava-se, fazia coleções de autocolantes, apanhava insetos, colecionava autocolantes e bichos da seda; fazia origamis, saltava nas poças e colhia flores.

 

Finalmente, perguntámos às crianças o que fazem para brincar e as respostas que obtivemos não foram inquietantes como seria de esperar vendo o vídeo referido. Várias das respostas contemplavam as seguintes atividades:

Brincar ao “faz de conta”, jogar futebol, andar de patins, fazer penteados, ver televisão, brincar com bonecos, jogar jogos de computador (com o irmão), brincar com os amigos na creche, andar de bicicleta, imaginar histórias, brincar com os cães de estimação, ler e, por fim, jogar durante várias horas no tablet, ver vídeos no telemóvel e imitar as danças dos videoclipes.

Há alguns casos em que o uso prolongado do tablet e do telemóvel foi mencionado, mas por enquanto não parece ser preocupante. As crianças continuam a ser crianças e a brincar como tais.

No entanto, continua a ser legítimo duvidarmos: Será a tecnologia o futuro das brincadeiras?  As crianças das gerações futuras conhecerão o mundo exterior, ou limitar-se-ão a comunicar através de ecrãs, dentro de quatro paredes?

 

 

Texto: Leonor Ramiro (com contribuição de Manuel Magalhães, Sara Fialho e Daniela Guilherme)

Imagem: http://assets1.exame.abril.com.br/assets/images/2013/2/108669/size_810_16_9_crianca_tablet.jpg

O Ensino sem rumo em Portugal...

 

A vontade de atingir metas tem saído cara aos alunos e  professores.

Todos os dias nos deparamos  com alterações por parte do Ministério da Educação, alterações estas que passam por reduzir a estabilidade mental dos alunos.

Temos vindo a deparar-nos com a seguinte situação: o Ministério da Educação quer alcançar metas até 2025, muitas delas impossíveis neste curto espaço de tempo, tais como, os critérios de avaliação que estão em constante alteração e o número de metas atribuídas a cada ciclo de ensino que têm um número vertiginoso.

As mudanças políticas têm alterado muitas coisas......não existe reflexão... muito menos existe alguém que ouça alunos e professores a fim de saber o que realmente é importante e faz falta na educação..
Começa pelo número de horas que querem colocar nos horários escolares… Portugal já é considerado o país que mais horas dedica à educação, o que não tem sido sinónimo de melhores resultados escolares. E agora estabelece-se uma  nova carga horária para o 2º e 3º ciclo das 08h00 até às 19h30.

Uma alteração destas destabiliza alunos, famílias, professores, etc.

Possivelmente criaram esta nova carga horária para atingir as metas que pretendem cumprir, metas estas que chegam até 2025, sim, nada mais nada menos que 2025.

Onde estaremos em 2025?! Será que o governo se lembrou de que possivelmente não estará em mandato e que tudo será, mais uma vez, alterado?

Toda esta rotina leva a exaustão dos docentes, que tem um determinado número de metas a cumprir por ciclo, para que sejam bem-sucedidos perante os olhos do Ministério da Educação.

São reuniões atrás de reuniões, poucas horas de descanso devido a carga excessiva de horas a trabalhar para a escola, entre outros fatores.
Em vez de reverem os conteúdos e diminuírem a carga horaria, tanto para o docente como para o aluno, aumentam, como se isso fosse sinónimo de qualidade!

A escola deveria ser tudo aquilo que foi feita para proporcionar cultura e sabedoria aos alunos.

No entanto, deparamo-nos com decisões traiçoeiras ao ensino e à aprendizagem, e nós alunos acarretamos com elas.

 

Daniela Guilherme, Marta Martins

Liberdade ou Condenação?

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Encontro-me com os meus dezoito anos, aparentemente com a vida inteira pela frente, mas tal não significa que as preocupações, por regra, dos mais velhos, não se levantem também na minha mente. A idade não me impede de abordar a questão, e, por esse motivo, hoje vou falar sobre a eutanásia. Falar com vocês e não para vocês, porque a leitura deve ser mais do que uma assimilação de ideias, devendo ser também um estímulo para a discussão e acção.

A primeira pergunta que se coloca remete para o significado da palavra: o que é realmente a eutanásia? O conhecido termo - até aos dias de hoje desprezado - tem surgido recentemente nos meios de comunicação e provocado inquietação junto dos portugueses. A Grécia antiga definiu-a como sendo uma “boa morte”, mas será que essa linha de pensamento ainda se mantém actualmente? Penso que é neste primeiro ponto que encontramos o problema – a definição de algo que se tornou real, visível.

O segundo e último problema que encontrei enquanto aprofundava o meu conhecimento sobre o assunto, foi perceber em que situações é que este acto devia ser realizado. Será que se deve realizar em todo e qualquer caso de doença? Em que casos é que se torna necessária? Em toda e qualquer idade? Não haverá outras soluções? Apresento de seguida as conclusões a que cheguei.

A vida baseia-se em mais do que na simples sobrevivência. Engloba outros conhecidos termos como o amor, o respeito, a dignidade, a liberdade, a mobilidade, o poder de decisão e tantos outros que fazem de nós o ser que somos, o ser que pertence a uma determinada espécie. A vida baseia-se nas emoções e sentimentos, pensamentos e acções; naquilo que nos permite ter uma identidade única, ainda que semelhante à de outros.

Será que a eutanásia finaliza a identidade? Aceitar isso é aceitar que a própria morte o faz, porque têm o mesmo fim. A morte assistida, na qual um médico administra o fármaco letal no paciente, acaba com o sofrimento que este transporta consigo. Não defende, em caso algum, a morte, mas dá ao doente a possibilidade de acabar com o seu sofrimento constante e crescente, surgindo como um último recurso para aqueles que foram condenados sem culpa disso.

Será que a eutanásia revoga o direito à liberdade? Fazendo a liberdade parte das condições mentais e considerando que estas se encontram sãs, decidir morrer e quando morrer é uma vantagem perante a situação de imobilidade ou incapacidade de realizar as actividades diárias por si só, pois mantém o poder e liberdade de decisão na mente de um ser consciente, quando o seu corpo já não consegue responder às necessidades exigidas pela vida (muitas vezes, nem pela sobrevivência). Neste caso, aceitar o sofrimento do corpo será como aceitar o sofrimento da mente. Será como aceitar a morte dolorosa para que a vida se prolongue por mais uns (in)determinados segundos, unicamente com o objectivo de adiar o vazio e tristeza que a morte irá certamente deixar. Mais um caso de egoísmo? Deixo-vos mais esta pergunta. Permitir a eutanásia é permitir que a morte seja ditada pela própria pessoa, voluntária, quando já não existem mais soluções e os únicos factores em jogo são a dor e o tempo.

Será que a eutanásia deve ser realizada em crianças? Talvez esta seja a pergunta que mais dúvidas transporta. Todo e qualquer ser humano tem os mesmos direitos, pelo que as crianças deverão ter as mesmas oportunidades que os adultos no que se refere ao anulamento da dor. Porém, as crianças não têm o mesmo grau de desenvolvimento mental que os adultos, de modo que a consciência do acto em si não existiria. Neste caso, (e tomando-se estes casos como excepcionais) a tomada de decisão deveria ficar a cargo dos pais da criança. O mesmo deveria ser aplicado quando o doente não possui capacidade de decisão, seja por que motivo for.

Por último, comparar a eutanásia ao suicídio e colocar a possibilidade de arrependimento do paciente é não ter consciência da situação deste. O suicídio aparece como uma possível solução para a trituração mental que ainda pode ser tratada se lhe for fornecido o acompanhamento especial, daí ser possível existir mais tarde um arrependimento por parte do doente porque existia mais do que uma solução. Relativamente à eutanásia, esta surge como uma última solução para a dor física e mental que irá inevitavelmente acabar em morte, não sendo passível de arrependimento porque não haveria qualquer outra solução senão esperar a dolorosa morte.

Encontro-me com os meus dezoito anos, aparentemente com a vida inteira pela frente. Mas… e se amanhã tudo mudar? Quero viver num mundo em que este tema tenha sido analisado e debatido, para que se tome uma decisão consciente e voluntária.

Não pretendo ser apenas mais uma opinião, pretendo ter uma voz na sociedade onde vivo. E tu? Já reflectiste?

 

 

Texto: Teresa Carreira

Imagem: http://www.elsoldenayarit.mx/site/images/temp_notas/temp_
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Contatos

Email: dreamteensaventurasocial@gmail.com Tel: 214 149 152

Quer saber mais sobre o DREAM TEENS?

Com início em março de 2014, o Dream Teens (DT) faz parte do projeto Aventura Social, sob a coordenação da Professora Doutora Margarida Gaspar de Matos (Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa), em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e a Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde. O Dream Teens é uma rede de 106 jovens líderes (entre os 11 e os 19 anos), que juntamente com a equipa de apoio formada por especialistas, constitui uma rede a nível nacional. O objetivo desta rede é estimular nestes jovens o sentimento de responsabilidade, liderança, empreendedorismo e autonomia, para que possam transformar os seus sonhos e ideias em projetos concretos. No Dream Teens os jovens líderes tem mais voz, e estas vozes motivam mais e mais jovens portugueses principalmente através de ações que estimulam a participação social e cívica.

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