A Juventude dos Nossos Dias
A sociedade de hoje em dia tem várias perceções sobre o mundo atual mas estas perceções, por vezes, não são as mais reais em relação a certos temas que são influentes no meio.
Será peculiar ou normal vivermos numa sociedade onde o álcool, o tabaco, as drogas ou as redes sociais têm tamanha relevância para a juventude? Será que o meio consegue ser tão persuasivo ao ponto de mudar a visão de um jovem? Em pleno século XXI deparamo-nos com o aumento dos consumos, de forma geral, o que faz-nos acreditar que existem motivos suficientemente fortes para a juventude cair na tentação de fugir à realidade e não lidar com os seus problemas. Será que uma família disfuncional, um caso de violência doméstica, uma psicopatologia desenvolvida, um caso de pedofilia ou até mesmo a falta de demonstração afetiva por parte da família podem levar um jovem ao desespero ou deixá-lo indiferente face ao que é legal ou ilegal?
Ao longo destes anos a juventude tem sido precoce em relação a diferentes áreas, desde a idade em que iniciam a sua vida no mundo virtual ao consumo de álcool nas noitadas com amigos. Por exemplo, um jovem de 13 anos já sai sem a supervisão dos pais para as noitadas e aqui está um comportamento ao qual devemos analisar, a culpa dos jovens serem demasiado precoces está na irracionalidade dos pais ou em quererem que os filhos tenham novas experiências? Será que os pais conhecem os perigos como realmente estes são ou apenas ignoram-nos? Na minha perspetiva associo as noitadas precoces à falta de comportamentos afetivos por parte dos pais e isto acontece porque estes estão demasiado cansados para lhes darem atenção ou devido à profissão que fica comprometida se não atingirem os seus objetivos profissionais. Obviamente que uma família estruturada e com objetivos traçados faz com que as suas vidas pessoais estejam organizadas mas se uma criança, principalmente dos 7 aos 15 anos, não sentir os seus pais presentes, perde parte de uma capacidade emocional que não foi desenvolvida.
Uma das áreas mais interessantes para os jovens tem atraído a preocupação dos adultos, psicólogos ou até mesmo psicoanalistas, sendo esta a área da tecnologia, em que o telemóvel é substituído por um relógio digital de pulso, os rádios substituídos por tablets, os livros de colorir substituídos por startboards, enfim, onde as tecnologias já crescem nas mãos de um bebé em formação dentro do útero da mãe. Infelizmente as relações interpessoais já não são cultivadas como acontecia antigamente, pois os computadores substituem constantemente os amigos e a saída para um simples café é substituída por um telemóvel se for necessário. Olhamos para o mundo tecnológico com uma certa frustração mas no final com admiração, pois, apesar da sociedade estar consciente da falta de comunicação, a tecnologia consegue sobrepor-se e oferecer experiências, emoções e oportunidades que as comunicações interpessoais não conseguem ou não desenvolvem.
Um estudo feito pela OMS revelou que os jovens têm vindo a consumir substâncias ilegais bem como iniciado a sua vida como fumadores ativos de uma forma precoce, sendo estas umas das maiores realidades da atualidade. As grandes perguntas relacionadas com estes temas são se tudo passa por um processo adaptativo ou pessoal? Se esta realidade tem sido atenuada? Se as medidas tomadas pelo governo, tais como o aumento do preço ou as imagens numa caixa de tabaco, diminuem a compra deste mesmo? Se os estabelecimentos cumprem mesmo as leis ou infringem-nas para conseguirem ter um maior lucro? Um leque grande de questões que por vezes não são respondidas. A verdade é que a nossa sociedade tem sofrido grandes alterações mas nem essas conseguem acabar com este consumo que muitas vezes é mortal. De forma geral, um jovem de 14 anos inicia a sua vida como fumador para se integrar num grupo mas acaba por tornar-se vítima desse mesmo vício. O facto do aumento do preço do tabaco ter-se tornado uma realidade em Portugal não afetou as vendas, por outro lado, em 2015 as vendas subiram 14% em relação a 2014, logo, o que interessa ao Governo é o lucro que fazem e não a diminuição das vendas para a prevenção de variadíssimas doenças.
Assim sendo, as gerações mais novas estão cada vez mais afetadas com certas realidades que vivem no seu dia-a-dia bem como no seu meio, deixando-as infelizes e desviadas da verdadeira realidade. Com mudanças constantes na vida de um jovem, este tem a opção de escolher o seu caminho, tudo depende da capacidade psicológica que ele tem para encarar o seu futuro e construí-lo da melhor forma. Às vezes um simples elogio pode despoletar grandes atitudes bem como outros tipos de comportamentos.
As gerações moldam-se ao que experienciam e, por vezes, precisam de linhas guias para não ficarem centralizadas apenas no que vivenciaram, daí ser muito importante um ombro amigo, uma família estruturada e com comportamentos afetivos suficientemente positivos para criarem uma criança saudável mentalmente ou até mesmo uma boa psicóloga escolar.
-Texto feito pela Dreamer Daniela Guilherme com a cooperação de Beatriz Pereira, Psicomotricista.
(Fonte da imagem: http://mbp-kobe.com/elements/profiles/cozystyle/images/cache/image_60797_640_0.jpg)